07 janeiro 2007

De volta à Lagoa Azul.

Nos últimos sete ou oito meses, eu já não sei mais precisar o tempo (e isso também não importa), minha vida tem sido um grande treino de paciência. Eu até me arriscaria a dizer que nunca havia tido minhas capacidades psicológicas e sentimentais postas à prova de maneira tão eficiente em tantos anos de casa. É engraçado perceber que meus limites acabaram sendo mais flexíveis do que eu sequer poderia imaginar e então acho que é verdadeira aquela história de que Deus dá o frio conforme o cobertor: penso que tenho um pouco mais de maturidade e de bom senso para lidar com algumas coisas hoje do que há um ou dois anos, porque em poucos dias sou outro e a cada dia me vejo novo e fazendo coisas inimagináveis.
Na verdade, em épocas passadas, em situações como a atual, eu estaria em parafuso, atirando nos próprios pés e sem sistema de descarga na privada para a quantidade de merda produzida. É passado, graças a Deus e graças a mim que percebi que estava errado a tempo. Neste meio tempo, já me permiti coisas impensáveis, já me permiti não querer e já me permiti a tentativa de apagar a luz e ficar quietinho no meu canto - é claro que houve motivação para esse recolhimento, mas disto eu não tratarei porque ainda não tenho competência para tamanha ousadia - e a verdade é que eu aprendi que não adianta querer fugir e nem querer fazer de conta que as coisas não existem e que são mero produto da minha imaginação. O que tem de ser tem muita força, como diria João no livro que ousei não ler. As horas de recolhimento e da tentativa de preservar um pouco do que eu talvez chamasse de dignidade (Não estar na arena o tempo todo à mercê da fome dos leões) foram pelo ralo porque posso dizer que a vida me arrastou pelos cabelos e me largou diante daquilo que eu tinha planejado fugir desde o momento em que acordara naquele dia. E a curiosidade que tenho desde o nascimento não é em vão. Não sou masoquista, mas eu já estou achando que quero pagar para ver aonde é que a vida me levará com esse joguinho e ao que parece, não será fácil sair dele.

standing calmly at the crossroads

no desire to run

there’s no hurry any more

when all is said and done ((B.Andersson & B. Ulvaeus))

E a sensação de reprise continua, entretanto, quando penso que já vi determinada cena, o final acaba sendo diferente e inesperado. Deliciosamente inesperado. Perigosamente inesperado. Viver é muito perigoso.

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