24 agosto 2009

O perigo de sonhar após o jantar

Imaginou seu sonho desfeito. Olhou em volta e milhares de peças estavam espalhadas como se todas as vidraças do mundo estivessem destruídas, contribuindo na composição daquele visual opressor. Nas peças, enxergava aquela felicidade com a qual sonhara e parte daquela que vivera. Cada peça era como um quadro de um filme que se projetava diante de seus olhos mostrando cada instante, cada minuto, trazendo de volta sorrisos, palavras ditas e que voaram quando se quebraram as vidraças, libertando-se, junto de cada perfume e cada cheiro que voava rapidamente, assustado, mas não sem antes passar por aquelas narinas entre olhos marejados que observavam, observavam... Olhava e tudo parecia tão real que era impossível acreditar naquilo que via, daí, algo o fazia duvidar, lembrando-o de que a imaginação era menos real do que o sonho fora e, de repente, ele voltava à realidade. Olhava em sua volta e nada mais via além do chão, que precisava ser limpo de todo jeito, entretanto, não havia nenhum resquicio de nada destruído, nenhum sonho aniquilado. Os monstros que ele alimentava haviam partido para a hibernação necessária daqueles que têm todo um banquete para digerir. Aliás é bom que se tenha cuidado com o refluxo.
Deixo de lado as minhas tristezas
Quero enterrá-las calmamente
Então, talvez um vento obscuro
sopre calmamente por lá
Não quero tê-las nunca mais...
((B.Wegner[em tradução livre]))

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