04 novembro 2007

Sujeito ocultamente inexistente

Está tudo resolvido e a única resolução possível é ter a certeza de que nada está sempre tão ajeitado como se pensa, ou como se quer pensar. É difícil. Reage-se contra a própria vontade, ou contra a vontade daquilo que se chama de a razão e essa reação nem sempre é desejável. E então, cuida-se para que não seja perceptível um mínimo sinal de qualquer coisa que seja. As pessoas percebem, e o espírito daquele que disfarça se entrega, deixando-se escapar por onde puder e lá se vai num sorriso falso, num desconforto, num grito, na falta de sono, na lágrima que rola. São inúteis, portanto, as máscaras: elas servem apenas para esconder algo muito rápido, algo que não necessita de maiores reflexões porque não passam por certos domínios do corpo, aqueles que sabem sentir e que, portanto, sentem. Domado pelas palavras, escrevo, escrevo, escrevo e é um mar infinito de nada. Muito se fala do mesmo assunto e o assunto nunca se esgota, talvez pela incapacidade humana de descobrir a si mesmo completamente. Muitas teorias explicam.... a vida propriamente dita não parece muito interessada em se deixar desvendar por qualquer um daqueles que passam por este mundo com a audácia de chamar vida à sua simples existência. E ela engana, ela desnorteia, ela simula - faz crer em algo para que, depois, prove metodicamente o erro e é só então que se percebe a essência deste mundo. O importante é ser nada para sobreviver a todo o resto. No fim de tudo, tudo não passa de divagação vazia sobre o nada. Melhor é a preocupação em aprender o uso do sujeito e sua posição numa frase da língua em que ele é obrigatório. Pura formalidade, afinal, na real, os sujeitos são perfeitamente dispensáveis. Graças a Deus.