31 julho 2007

Monólogo dos cachorrinhos

Há o monólogo, interminável e inconstante, uma eterna discussão sobre o nada que almeja ser algo e que, aos poucos vai tomando forma. Coisas ficam para trás e já não mais lhe pertencem: pelo menos, não como gostariam de pertencer. E a conversa continua, como se fosse uma oração. Há os agradecimentos e há algum receio de pedir por algo novo: tudo é muito novo. Escuta-se os cachorrinhos à toda voz, latindo um latido desafinado e fraco, mas que é forte por ser, até então, o máximo que podem alcançar. Observa-se pessoas brincando, gente que só tem tamanho e feições adultas, mas que continuam crianças, atirando-se água no banheiro ao escovar os dentes: talvez como a cadela que é mãe e ainda se julga filhote. Não se cresce do dia para a noite. O monólogo que cerca, acompanha e medita todo o crescimento é eterno, assim como o proprio crescimento. Há quem desista de crescer e de evoluir. Porque sim, é confortável permanecer onde se está e cobrir-se com mil cobertores até a cabeça, limitando a respiração ao máximo de ar que pode passar pelos poros da carapuça que envolve todo o corpo. Porque é fácil também agradecer por tudo que se tem e julgar que não se merece mais do que se tem. Pelo menos, é garantida a proteção contra o sentimento de achar que o mundo todo está aquém daquilo que merecemos. Somos parte do mundo e, como tal, estamos todos nivelados à mercê da natureza e das energias superiores e, provavelmente, toda evolução que alcançamos sirva apenas para que vejamos alguma graça na criança eterna que está sempre gritando à sua máxima voz, buscando alguém que a ouça e tentando ouvir a si mesma, brincando por aí com outras crianças, reconhecendo-as e, acima de tudo, para encontrar algum assunto para o longo monólogo, que seria insuportável sem alguma variação, ainda que, no fundo, a conversa seja sempre a mesma.

29 julho 2007

Endlich ein Zuhause...

Finalmente um motivo para pânico
Finalmente um motivo,vamos! Pânico!
Finalmente um motivo para pânico
Finalmente um motivo, vamos!
Finalmente um lar
para seus sonhos ferozes
Finalmente um motivo - Vamos, pule!
Volte a viver sobre as árvores!
Finalmente um lar
para sua culpa
Diga aí:
finalmente um lar
Para suas pulsações, arritimias
vamos!
Finalmente um motivo para pânico
Finalmente um motivo,vamos! Pânico!
Finalmente um motivo para pânico
Finalmente um motivo, vamos!
Finalmente um lar
Para todos os motivos obscuros
Finalmente um motivo - Vamos, venha!
Forjaremos novas uniões
Finalmente um túnel
para que você espie
Diga aí:
Finalmente uma árvore, uma corda
e um pescoço
mate-se, vamos
Finalmente um motivo para pânico
Finalmente um motivo,vamos! Pânico!
Vamos, pânico!
Finalmente um lar
Para tudo que é velado
Finalmente um motivo - vamos, cacemos
os sabidos filósofos
Finalmente o diagnóstico
Para o processo
Diga aí!
Finalmente um motivo para pânico!
Abra os olhos, mate-se, vamos!
(("Endlich ein Grund zur Panik" - J.M.Tourette & J.Holofernes))

Finalmente brincando de traduzir. Finalmente um motivo para pânico.