30 julho 2010

Recomecemos

"Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho". Jesus - Mateus 9:16

Não conserves lembranças amargas.
Viste o sonho desfeito.
Suportaste a deserção dos que mais amas.
Fracassasste no empreendimento.
Colheste abandono.
Padeceste desilusão.
Entretanto, recomeçar é bênção na lei de Deus.
A possibilidade da espiga ressurge na sementeira.
A água, feita por vapor, regressa da nuvem para a riqueza da fonte.
Torna o calor da primavera na primavera seguinte.
Inflama-se o horizonte, cada manhã, com o fulgor do Sol, reformando o valor do dia.
Janeiro a janeiro,renova-se o ano, oferecendo novo ciclo de trabalho.
É como se tudo estivesse a dizer: "se quiseres, podes recomeçar".
Disse, porém, o Divino Amigo que ninguém aproveita remendo novo em pano velho.
Desse modo, desfaze-te do imprestável.
Desvencilha-te do inútil.
Esquece os enganos que te assaltam.
Deita fora as aflições improfícuas.
Recomecemos, pois, qualquer esforço com firmeza, lembrando-nos todavia, de que tudo volta, menos a oportunidade esquecida que será sempre uma perda real.

EMMANUEL - ("Palestras de Vida Eterna" - Francisco Cândido Xavier)

14 julho 2010

Oração pelo perdão (em memória de futuros demolidos antes de...)

Na verdade, o mundo parece não passar de uma pilha de perguntas aguardando respostas, ou, o que seria mais coerente, uma multidão de perguntadores que não sabe com exatidão nem mesmo o que gostariam de perguntar. E assim, arrastamo-nos por estas terras à procura daquilo que esteve o tempo todo tão perto, mas que nossos mundanos olhos não nos permitiram nunca ver - porque passamos a maior parte do tempo em busca de falsos argumentos que nos provem aquilo que já está por si só provado - e então, cresce a angústia e a sensação de impotência diante de novos acontecimentos que fazem o passado ficar em seu devido lugar, ávido pela terra que lhe sepultará os olhos inquisidores. Perdão. Perdoe. Sim! Faça o obséquio de perdoar a este pobre pecador as faltas cometidas, as injustiças cometidas, a maledicência praticada. Perdoe minha falta de indulgência. Perdoe meu excesso de orgulho e, acima de tudo, perdoe a falta de amor com que lhe segui em séculos de convivência, seja ela fraternal, amistosa, marital... Há muito a ser feito, e esta é uma intuição que me atrevo a divulgar, não temos mais tempo para viver de perguntas sem respostas, de ansiedades por um futuro que não nos pertence, ainda, diretamente, já que ele está sendo construído a todo momento por meio de nossas atitudes e a cada minuto chumbamos um novo tijolo, depositamos uma nova pá de concreto na construção dos alicerces daquilo que chamamos de futuro. Talvez fosse mais prudente de nossa parte preocuparmo-nos com cada um desses tijolos, com cada uma dessas pás ao invés de perder horas a fio vislumbrando uma fotografia imaginária de um edifício pronto, esplendoroso, imponente, esquecendo-nos de que nada adianta querer o futuro sem calçá-lo em alicerces firmes, nada adianta firmar alicerces sem a manutenção adequada daquilo que se contruiu, ou o tão esperado futuro não passará de um imponente esqueleto, pelo qual a energia vital passou após ter-lhe feito o sangue fervilhar por cada centímetro de vida que lhe coube, e então, tudo aquilo que era importante na época em que deveríamos nos preocupar com as bases será encarado como puro lixo, à disposição do fim. Perdoe-nos a facilidade com que retiramos do caminho as provas de que não somos tudo aquilo que nos fazem acreditar que somos. Perdoe-nos por apontar a degradação do mundo sem tomar para nós mesmos a nossa própria putrefação. Perdoe-nos por enfeitar aos olhos aquilo que é feio para a alma. Perdoe-nos a falta de coragem. Perdoe-nos por não perdoarmos. Perdoe-nos a mais profunda falta de amor, perdoe-nos, futuros degradados por nossos próprios méritos que somos. Perdoe-nos sinceramente, como um dia esperamos aprender a perdoar. Ame-nos como um dia pretendemos aprender a amar. Salve-nos... Salve-nos de nós mesmos e de nossa própria inquisição. Perdão!