01 janeiro 2009

Happy new year

Parece ser exigido de nós uma hipocrisia exemplar. Já é sabido que todos perseguem uma verdade em sua caminhada, mas também se sabe que essa verdade não precisa ser assim tão verdadeira, ela pode ser da medida exata do frio que nosso cobertor nos permite suportar. - Daí se pode inferir que nem sempre é desejável que andemos por aí sem as nossas máscaras e, o pior de tudo, que é praticamente impossível que nos vejam sem a máscara: até porque quando a tiramos, alguém sempre virá com uma nova que nos será chumbada à cara original, aquela que poucos têm estômago para ver. E quando se tira a atadura que esconde a cicatriz, vomita-se, chora-se e grita-se ao ver os pontos costurando a carne exposta que se cura - sabe-se lá de quê - e é então que o mundo desaba. Mas a verdade não é difícil apenas para quem a recebe: ela pode doer muito mais para quem a oferece - o preço de ser verdadeiro é alto e há então mais uma escolha a ser feita no gigantesco menu de configuação do equipamento chamado vida. É preciso escolher ativar a hipocrisia e desativar a verdade, ou baixá-la a níveis suportáveis por aqueles que nos cercam. Pago o preço de optar pela verdade inexorável, modo que me foi pregado como o mais correto para viver, embora eu veja que talvez ele seja o menos adequado. Já ouvi, li e vivi verdades que me doeram impiedosamente e, sinceramente, acho que foi o melhor que me ocorreu: foi como deixar a ferida sem tampões, em contato com o ar livre, para que a cicatrização se desse mais rapidamente, mesmo que a casca seja feia. E nesses momentos, acabamos como um médico residente que se curou de uma grave doença e que indica o mesmo tratamento a alguém, por mais cruel que possa parecer esse tratamento. Ocorrem reações adversas e o médico não considera os efeitos colaterais, pois eles não matam, e algum desconforto é necessário à cura de determinados males. E a leitura do prontuário nos obriga a aprender uma nova lição: oferecer de nós mesmos apenas aquilo que cada um pode receber e aprender a ver essa medida nas entrelinhas. Feliz 2009.


No more champagne
and the fireworks are through
here we are, me and you
feeling lost and feeling blue
it’s the end of the party
and the morning seems so grey
so unlike yesterday
now’s the time for us to say

Happy new year
happy new year
may we all
have a vision
now and then
of a world where
every neighbour is a friend
happy new year
happy new year
may we all
have our hopes
our will to try
if we don’t
we might as well
lay down and die
you and I

Sometimes I see
how the brave new world arrives
and I see how it thrives
in the ashes of our lives
oh yes, man is a fool
and he thinks he’ll be okay
dragging on feet of clay
never knowing he’s astray
keeps on going anyway

Happy new year
happy new year
may we all
have a vision
now and then
of a world where
every neighbour is a friend
happy new year
happy new year
may we all
have our hopes
our will to try
if we don’t
we might as well
lay down and die
you and I

Seems to me now
that the dreams we had before
are all dead, nothing more
than confetti on the floor
it’s the end of a decade
in another ten years time
who can say what we’ll find
what lies waiting down the line
in the end of eighty-nine

Happy new year
happy new year
may we all
have a vision
now and then
of a world where
every neighbour is a friend
happy new year
happy new year
may we all
have our hopes
our will to try
if we don’t
we might as well
lay down and die
you and I
((Benny Andersson & Björn Ulvaeus))